Re:Lei de Causa e Efeito

Inconformado | 22/11/2013

Olá Jorge,
vejo que está aprofundando-se nas linhas filosóficas de Aristóteles, o qual confesso ter sido um exímio pensador, mas sou racional e como tal discordo de pensamentos que não tiveram a chance da obra prática.

Entenda que não sou contra a escola Aristotélica, apenas a questiono, e isso sim move o mundo; O QUESTIONAMENTO.

Então, quando diz que “O resultado de qualquer situação tem de ser igual à causa.” Algo não se situa nesta tese, haja visto que sendo resultado uma reação inversa a causa, jamais estará em estado de igualdade. E é ai que entra o pensamento racional, pois se toda lei natural (você citou que é uma lei da natureza) PODE ser comprovada empiricamente, a lei de causalidade não se pode comprovar.
As leis da natureza tem como base de prova empírica a inversão ou oposição ao fato gerador. Se certas causas podem não ser conhecidas, já desconsideremos como uma lei.

Entendendo que toda reação tem uma causa, e você cita que certas causas podem ser desconhecidas, como considerar a causa matriz se foge da inteligência humana, se foge do que é tácito? Não há fato que se sustente junto ao desconhecido, e o que impera são as “suposições filosóficas”.

Aristóteles diz que as causas se classificam em material, eficiente, formal e final. Tende a ter começo, meio e fim. O que foge disto então deixa de ser causa e efeito.

Quando falo que discordo, não é sua totalidade, mas não aceito que TUDO seja norteado por essa causa. Isso abre uma brecha polítco-religiosa que tal mistura é perigosa, que diga santo Agostinho (1225 a 1274) que se prevaleceu da causalidade em aproveitar as palavras de Aristóteles que dizia: Para tudo há uma causa motor imóvel. Aquilo que gerou. Daí perpetuou-se uma ideia primitiva para provar a existência de Deus, onde na busca da causa matriz chega-se ao desconhecido que “por ventura (ou não)” seria Divino, o causador Mor de tudo que há.

Acha que não é perigoso?

O que dizer dos currais eleitorais em igrejas? Pessoas presas a dogmas de que não devem fazer algo (causa) porque se não Deus castiga (efeito), ou ainda a vantagens do poder de status e financeiro; Você deve dar 1 Mil (causa) para ganhar 2 Mil (efeito), e daí por diante o exemplos são trágicos.

Isto posto, classifico a ideia de causa e efeito com uma tautologia, algo redundante a ponto das premissas (aquilo que eu acho) validarem automaticamente (sem questionar ou pura conveniência) as conclusões (aquilo que a maioria aceita).

E entendo como um princípio metafísico pelo qual vislumbramos a sequência dos eventos que observamos.

Você poderia rebater informando que o pensamento causal tem sua base em princípios lógicos-racionais, e você coloca a seguinte frase:

“Depois de qualquer Causa segue-se um Efeito do mesmo tipo”

Mas não é, e David hume(1711/1776) reafirma esse tema quando diz que é mero fruto do hábito e costume. De tanto vermos eventos se sucedendo repetidas vezes, nos habituamos a entendê-los como casualmente conexos. Por exemplo: acendemos o fogo e sentimos calor, logo a causa da sensação de calor é o fogo; deixamos um copo cair e ele se quebra, logo a causa da quebra do copo é temos o deixado cair.

Mas o que nos garante que esses eventos sempre se sucedem desta maneira, que sempre que acendermos o fogo iremos sentir calor, que sempre que deixarmos o copo cair ele irá se quebrar?

Não existe nenhum raciocínio lógico que nos garanta que esses eventos citados sempre irão se suceder desta maneira, que sempre foi assim no passado e que será assim em todo lugar.

O que temos é a expectativa de que ao acendermos o fogo sentiremos calor, ou de que deixarmos o copo cair ele irá se quebrar, e essa expectativa é criada a partir do hábito de vermos repetidas vezes esses eventos se sucederem da maneira descrita. Não há nada de racional no pensamento causal, ele é meramente fruto do hábito e, portanto não faz sentido dizer que ele é inerente ao universo, apenas uma maneira como nossa psique entende o mesmo.


Caríssimo Jorge, eu admito a existência da causa e do efeito, mas não na extensão imoral e totalitária absoluta.
Intransigente deve ser a BUSCA constante, Intrínseco deve ser o Questionamento, estes sim são compatíveis e adversários diretos da alienação em que se encontra nosso povo.

Espero que tenha entendido meu ponto de vista como uma forma agregadora e não contrária, é apenas mais um saber.

E citando um “pensador” mais atual, Paulo Freire expressa com grandeza:

Não há saber mais ou saber menos, há saberes diferentes

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